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Samba: o ritmo ancestral da nossa mestiçagem


Tambores

O carnaval brasileiro (que acabou, na Bahia, neste mês de fevereiro) é marcado por muitos gêneros e ritmos musicais. Axé, funk e, acreditem, até o rock fazem a festa dos participantes dessa festa diversa e miscigenada, como é a nossa história.

Nosso carnaval é um cortejo popular de alegrias e muitos ritmos. Porém um ritmo sem dúvida nos marca em nossa diversidade mais do que os outros: o samba. No ano em que completa seus 100 anos, o samba, tão conhecido internacionalmente se reafirma como um dos nossos traços culturais miscigenados mais ancestrais. Posso dizer que o samba traz em si a genética do nosso povo; a mistura da nossa cultura e a força da negritude que emana, principalmente da Bahia, para outros cantos do país.

O Site espanhol “El pais” publicou recentemente um texto em que remonta um pouco a mitologia do samba para o povo brasileiro e baiano. O texto é emblemático porque começa mostrando como o samba surgiu do sofrimento escravo do século XVI no Brasil e como o canto e a alegria desta expressão cultural foram as armas para que nosso povo  talhasse sua dança e seu canto como uma arma contra as adversidades sociais.

Mais especificamente matéria fala da lenda de um negro que, arrancado da sua terra e jogado no Brasil sem prévio aviso,  passa seis dias apanhando. No sétimo, diz o texto da baiana Camila Moraes (clique aqui e confira), “ele busca um alento na memória. Sorri, mas só quando pensa nos seus. Batuca, porque na África, de onde ele veio, esse era o convite para dançar, comer e rezar. Assim ele renova as energias que vão permitir que sua pele maltratada resista uma semana mais sob o sol da lavoura e a opressão do colonizador. É um negro escravizado, trazido ao país no século XVI pelos portugueses, que chegaram à Bahia pouco antes. Foi ele quem inventou o samba”.

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É interessante perceber como o samba, inventado pelo sofrimento escravo, séculos depois se tornaria, talvez, o ritmo musical que mais nos define. A mistura africana que corre em nossas veias, mistura não somente tradições culturais, ela miscigena o ensinamento do sofrimento e a estratégia de enfrentamento da alegria. Sofrendo, os escravos de África construíram muito do que somos e cantando a alegria do seu samba nos ensinaram a enfrentar o que o futuro nos revelou como sendo a herança de um passado-colônia.

Comemoramos na Bahia 100 anos de samba, porém não devemos esquecer que, muito antes, o bom batuque serviu para a resistência de um povo escravizado que na dor e no canto nos fez quem somos. Hoje, no Brasil e no mundo, samba é um ritmo musical que mais nos caracteriza, Mas, como disse Camila Moraes, “antes de ser música, ele foi chamado para que nos reuníssemos ao redor de som e comida para todos”.

No Brasil sempre teremos a atmosfera do samba como uma atmosfera de reconstrução permanente da nossa resistência e da nossa luta. Por essa identidade sonora de riqueza incomparável mostramos ao planeta muito da nossa força de renovação; integrando os diferentes; construindo nossa diversidade, fazemos do samba uma força ancestral sempre atual..

Viva o samba

Manifestações Culturais Negras

Fonte: Fundação Cultural Palmares (http://www.palmares.gov.br/?page_id=34089)

Afoxé

Foto:  Filhos de Gandhy (SalvadorBA)

O Afoxé é uma expressão artístico-religiosa, geralmente conduzido por um Babalorixá ou Ialorixá, e funcionam no interior dos terreiros de Candomblé. A ligação dos grupos com a tradição africana também se traduz nas cores que levam às ruas, fazendo referência aos Orixás. (mais…)

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