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Jovens de Canoão dialogam sobre necessidades da comunidade

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O município de Ibititá, localizado no Território de Irecê, abriga a comunidade quilombola do Canoão, e está sendo atendida pelas ações do Projeto Juventude Quilombola, realizado pelo Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), com o patrocínio da Petrobras. Na última sexta feira, a equipe de comunicação popular do CAA visitou a comunidade para dialogar com os jovens participantes sobre as expectativas e anseios deles com relação ao projeto.

O grupo Negricultura Jovem foi formado para reunir a juventude local, incentivando-os a resgatar e valorizar as expressões culturais da comunidade. Durante as comemorações do Dia da Consciência Negra, o grupo se envolveu na celebração realizada na comunidade vizinha de Batatas, com apresentações de dança e poesia, e também participando das competições esportivas.

A experiência de participar da celebração realizada em Batatas foi, segundo os jovens de Canoão, bastante positiva para todas e todos, pois foi uma chance para conhecer e interagir com outras pessoas e também uma oportunidade de se expressar, tanto por meio de músicas e poesias quanto através da prática esportiva.

Na roda de diálogo, o grupo ressaltou a principal demanda no momento, que é a aquisição de um terreno onde os jovens poderão desenvolver as atividades que estão previstas. Para eles, é fundamental que a juventude do Canoão esteja unida e engajada para reivindicar os seus direitos e correr atrás das demandas da comunidade. “Nós só conseguiremos a estrutura pro nosso trabalho se a gente se unir e encarar a luta de frente”, afirma Mariane Oliveira.

A necessidade de entender e se orgulhar da própria origem foi algo unânime relatado entre o grupo. Segundo eles, ainda existe muito preconceito, não só de pessoas de outros lugares, mas também entre os próprios moradores de Canoão. E as ações do projeto são uma oportunidade de conquistar essa valorização. “Nós queremos sim, que a nossa juventude se aceite como quilombola, e que trabalhe e se desenvolva aqui na comunidade, com muito amor, com muito orgulho e muita raça”, afirma Eulália dos Santos.

“Estamos sempre falando de nossa cultura, de nossa raiz.”

Confira a entrevista com Jackson Barbosa, liderança jovem da comunidade de Volta Grande, Barro Alto.

Jakinho

Jakson Barbosa de Oliveira, 26 anos é técnico em agropecuária, formado pelo Centro de Ensino Técnico e Profissionalizante do Território de Irecê (CETEP). Oriundo da comunidade de Volta Grande, em Barro Alto, desde cedo ele se acostumou com a rotina das lutas comunitárias e sociais, tendo uma trajetória juvenil ligada às políticas de convivência com o Semiárido e organização quilombola.

Hoje, o Jovem é Presidente da Associação da Comunidade Quilombola de Volta Grande – Barro Alto e integra um dos grupos do Projeto Juventude Quilombola. Uma iniciativa que, segundo o próprio Jakson, é importante para pautar a autonomia dos jovens quilombolas e a promoção da cidadania e inclusão social dos mesmos.

Jakson, como é participar de um projeto voltado para os jovens que descendem de quilombos?

Não só para mim, mas para toda a minha comunidade é muito importante um projeto desta natureza. Pela amplitude do projeto e o que ele se propõe, não só propor políticas públicas para os jovens remanescentes de quilombos, mas, pautar a cidadania e inclusão social.

E quantos jovens de sua comunidade participam do projeto, e como é o nome do grupo de jovens de sua comunidade?

Na minha comunidade temos 25 jovens participando do projeto. O grupo de jovens “Ação do Bem” está muito unido e preparado para ajudar no andamento do projeto. Estamos constantemente reunidos e conversando sobre as leis que vem para beneficiar as comunidades quilombolas, estamos sempre falando de nossa cultura, de nossa raiz.

Como foi a integração da comunidade e a equipe do Projeto Juventude Quilombola do dia da comemoração da Consciência Negra?

Há quatro anos que nós já nos reunimos e comemoramos em novembro o dia da consciência negra, sem perder contudo, o real motivo para que a data seja lembrada. A data serve para antes de tudo, nos lembrarmos que no passado, nós, negros e descendentes de remanescentes de quilombos não tínhamos acesso à muitas coisas e a conscientização para que principalmente os jovens participem mais ativamente da mudança dessa realidade.

Como é para você, um jovem de comunidade quilombola, levantar essa bandeira?

Eu me sinto realizado, não só como jovem, mas como presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas de Volta Grande. Hoje temos 56 associados que estão sempre discutindo as melhorias para a comunidade. Eu como Presidente, estou sempre atrás de projetos e benefícios que possam vir para atender as pessoas, estamos em constante conversa com a igreja também, para que a unidade da comunidade se mantenha forte e unida.

E quais são as conquistas que a comunidade já conseguiu através da associação e da organização comunitária?

Conquistamos recentemente uma horta comunitária, um viveiro de mudas, temos as mulheres que trabalham na roça e sempre ajudam a comunidade em tudo. E aqui na região também muitas comunidades perderam suas escolas, mas, através da nossa união, a escola da nossa comunidade se manteve funcionando… e agora a vinda do projeto Juventude Quilombola que traz para os jovens uma noção importante de civilidade.

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