Grupo Jovens Guerreiros Quilombolas
Vida guerreira
O grupo “jovens Guerreiros Quilombolas” foi criado Na comunidade de Batatas, em Ibititá (BA), dentro de âmbito de ação do Projeto Juventude Quilombola – Uma iniciativa do Centro de Assessoria do Assuruá (CAA) com patrocínio da PETROBRAS. Com o grupo os jovens se mobilizam para vencer os desafios do projeto e fortalecer sua atuação coletiva.
Ao mesmo tempo, os jovens guerreiros fortalecem sua identidade negra e exaltam as tradições culturais de sua comunidade, criando, para isso, uma relação dialógica com outras lideranças comunitárias, com seus contextos sociais e ambientais e com os problemas e potencias encontrados pelas comunidades quilombolas do Semiárido. A expectativa é que o grupo se empodere e protagonize ações diversas que ultrapasse projeto e fortaleçam a comunidade.
História Comunitária
A origem da comunidade Batatas, está ligada a fuga de famílias inteiras que estavam submetidas à escravidão no início do século XX. Elas se revoltaram contra a exploração sofrida e buscaram se refugiar dos senhores de terras, e assim encontraram um local para firmar moradia.
As primeiras famílias a se estabelecerem na localidade foram os Melquíades e as famílias de Zé Gasparini e Zé Guardiano. Elas aproveitaram a proximidade com uma fonte d’água e construíram suas casas, formando o primeiro aglomerado do que hoje é a comunidade, que cresceu posteriormente com a chegada de famílias de outras partes da região e mesmo de outros estados, mais notadamente da Paraíba. Hoje, os habitantes de Batatas são reconhecidos como remanescentes quilombolas, sendo a comunidade certificada pela Fundação Nacional Palmares.
Contextos Pujantes
O reisado é uma tradição cultural importante em Batatas, que conta com um grupo organizado que fazem apresentações regularmente. Existem também os grupos que praticam capoeira e o grupo de apresentação da careta (tradição local), todas elas manifestações culturais de matriz afro-brasileira. Outro grupo, chamado de ‘Arte Dance’, pratica diversos tipos de danças tradicionais.
Batatas conta com uma escola municipal que oferece o ensino fundamental para os estudantes da comunidade. Para cursar o ensino médio, eles se deslocam para a sede em Ibititá. Uma escola maior está sendo construída para abrigar futuras turmas de alunos do ensino médio.
A caatinga é a vegetação predominante em Batatas, assim como em todo o Território de Irecê. Porém, a maior parte da cobertura vegetal original já foi desmatada devido à ocupação das áreas da comunidade para a agricultura. Com isso, boa parte da fauna nativa sumiu da região. O regime de chuvas gira em torno de 600 mm a 700 mm por ano, variando para menos em anos de estiagens prolongadas. Em Batatas, a oferta de água para consumo é suprida por cisternas de placas de 16 mil litros. Antes era necessário buscar em outros locais.
Em Batatas existem duas associações que, juntas, lutam pelo desenvolvimento da comunidade. Graças à atuação delas, alguns projetos vem chegando para a comunidade, como o “Minha Casa, Minha Vida”, que irá construir 20 casas em 2015 para atender parte da demanda habitacional do lugar. Algumas entidades a nível regional e estadual contribuem com a comunidade, como a EBDA e o CAA, que já implementou tecnologias sociais de armazenamento de água da chuva na localidade.
As cerca de 150 famílias de pequenos agricultores de Batatas se dedicam a agricultura de subsistência, cultivando principalmente milho, feijão de corda, mamona e mandioca, além de criações de cabras e ovelhas. Boa parte do trabalho é realizada por mulheres e jovens, e o êxodo rural é uma problemática ainda presente, onde muitas pessoas rumam em determinados períodos para trabalhar nas colheitas de café no sul de Minas Gerais e na construção civil em São Paulo.
O alcance de políticas públicas que fomentem a agricultura familiar é tímido. Poucas famílias conseguem vender sua produção para a alimentação escolar através do PNAE. O acesso ao PAA é inexistente. A grande maioria das famílias que comercializam sua produção o faz em feiras livres da vizinhança e para os atravessadores.