“Estamos sempre falando de nossa cultura, de nossa raiz.”

Confira a entrevista com Jackson Barbosa, liderança jovem da comunidade de Volta Grande, Barro Alto.

Jakinho

Jakson Barbosa de Oliveira, 26 anos é técnico em agropecuária, formado pelo Centro de Ensino Técnico e Profissionalizante do Território de Irecê (CETEP). Oriundo da comunidade de Volta Grande, em Barro Alto, desde cedo ele se acostumou com a rotina das lutas comunitárias e sociais, tendo uma trajetória juvenil ligada às políticas de convivência com o Semiárido e organização quilombola.

Hoje, o Jovem é Presidente da Associação da Comunidade Quilombola de Volta Grande – Barro Alto e integra um dos grupos do Projeto Juventude Quilombola. Uma iniciativa que, segundo o próprio Jakson, é importante para pautar a autonomia dos jovens quilombolas e a promoção da cidadania e inclusão social dos mesmos.

Jakson, como é participar de um projeto voltado para os jovens que descendem de quilombos?

Não só para mim, mas para toda a minha comunidade é muito importante um projeto desta natureza. Pela amplitude do projeto e o que ele se propõe, não só propor políticas públicas para os jovens remanescentes de quilombos, mas, pautar a cidadania e inclusão social.

E quantos jovens de sua comunidade participam do projeto, e como é o nome do grupo de jovens de sua comunidade?

Na minha comunidade temos 25 jovens participando do projeto. O grupo de jovens “Ação do Bem” está muito unido e preparado para ajudar no andamento do projeto. Estamos constantemente reunidos e conversando sobre as leis que vem para beneficiar as comunidades quilombolas, estamos sempre falando de nossa cultura, de nossa raiz.

Como foi a integração da comunidade e a equipe do Projeto Juventude Quilombola do dia da comemoração da Consciência Negra?

Há quatro anos que nós já nos reunimos e comemoramos em novembro o dia da consciência negra, sem perder contudo, o real motivo para que a data seja lembrada. A data serve para antes de tudo, nos lembrarmos que no passado, nós, negros e descendentes de remanescentes de quilombos não tínhamos acesso à muitas coisas e a conscientização para que principalmente os jovens participem mais ativamente da mudança dessa realidade.

Como é para você, um jovem de comunidade quilombola, levantar essa bandeira?

Eu me sinto realizado, não só como jovem, mas como presidente da Associação dos Remanescentes Quilombolas de Volta Grande. Hoje temos 56 associados que estão sempre discutindo as melhorias para a comunidade. Eu como Presidente, estou sempre atrás de projetos e benefícios que possam vir para atender as pessoas, estamos em constante conversa com a igreja também, para que a unidade da comunidade se mantenha forte e unida.

E quais são as conquistas que a comunidade já conseguiu através da associação e da organização comunitária?

Conquistamos recentemente uma horta comunitária, um viveiro de mudas, temos as mulheres que trabalham na roça e sempre ajudam a comunidade em tudo. E aqui na região também muitas comunidades perderam suas escolas, mas, através da nossa união, a escola da nossa comunidade se manteve funcionando… e agora a vinda do projeto Juventude Quilombola que traz para os jovens uma noção importante de civilidade.