Marketing e economia solidária

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Projeto Juventude Quilombola aborda os processos mercadológicos a partir de outro viés. Agora, não somente o lucro importa.

Uma análise mais fria e mercadológica do Marketing poderia ligar essa atividade apenas a um processo de inserção e fortalecimentos de determinados produtos, pessoas ou grupos dentro da dinâmica de mercado. Em outras palavras, se percorrêssemos o caminho original da conceituação do marketing, poderíamos, de uma maneira que seria demasiadamente limitada, pensar num processo que fosse eficiente apenas no processo de mercadorização de objetos e pessoas.

Ao trabalhar com os conceitos de Marketing e agregação de valor, o CAA, por meio do projeto Juventude Quilombola, busca romper com essa visão apenas atrelada somente à obtenção calculista de lucros. Mais do que isso, nossa organização trabalha no sentido de construir de forma inclusiva  e colaborativa um sistema mais inclusivo, que não só foque um sucesso individualista, mas que socialize suas conquistas (sejam elas econômicas ou não) dentro de uma dinâmica de conquista e manutenção de direitos e deveres para com as outras pessoas e comunidades.

Podemos dizer que trabalhamos o marketing a partir da construção de uma solidariedade orgânica, capaz de aproximar diferentes agentes e segmentos da sociedade em prol de uma luta que, fortalecendo empreendimentos populares e coletivos, atua na redução das diferenças entre as classes sociais e o acesso à segurança econômica, cultural e nutricional dos povos do semiárido e suas comunidades tradicionais. Ousamos dizer que o Marketing aplicado à dinâmica do Projeto Juventude Quilombola, assim como a missão do CAA, se liga à construção de uma prática cidadã: uma práxis onde se consolida o papel do agir coletivo em detrimento do ganho pessoal.

Nesse sentido, o CAA elaborou, para a execução do projeto juventude quilombola, uma série de oficinas que trabalhar esse novo conceito de econômica e marketing. Mais do que um mera capacitação, essas oficinas foram especialmente produtivas no sentido e construir estratégias para a consolidação de  empreendimentos, geridos pela juventude inserida no projeto e voltados à uma democracia econômica. Em outras palavras, a capacitação em Marketing e agregação de valor sempre esteve pautado em um novo modo de produção e geração de renda. Trata-se de modelo onde, por meio dos sonhos das Juventudes envolvidas no Projeto,  se projeta, de maneira crítica, a possibilidade de uma sociedade mais solidária e igualitária.

“Para que alcançássemos os resultados dessa trajetória, utilizamos metodologias voltadas para pudéssemos pensar nossas ações e produtos a partir de uma gestão participativa, na qual fosse possível identificar, reduzir ou até mesmo solucionar problemas relacionados à geração de renda dos grupos quilombolas. Dessa forma, a gente deu os primeiros passos num processo de construção de estratégias e objetivos de Comunicação e Marketing colocados como um momento de construção coletiva e não somente de busca desenfreada pelo lucro”, afirmou Leonardo Tomaselli, Coordenador Executivo do CAA.

Assim, o marketing e seu objetivo principal de obtenção de um processo otimizado de inserção e diálogo com o mercado, assumiu um papel importante, pois, além de fortalecer os próprios empreendimentos dos jovens e comunidades quilombolas, criou mecanismos mais eficazes para a sobrevida e ação dos princípios econômicos e solidários trabalhados.

Em outras palavras, num mundo cada vez mais competitivo e mutante, o Marketing aliado à construção de uma economia solidária cada vez mais fortalecida no âmbito dos Movimentos sociais e populares, agregou ao projeto Juventude Quilombola maiores possibilidades de sustentação e de autogestão coletiva dos oito grupos de jovens envolvidos em nossas ações.