História

Duas décadas plantando sementes e colhendo esperança

Uma caminhada de sonhos e luta pela cidadania no semiárido baiano. Esta tem sido a trajetória do Centro de Assessoria do Assuruá (CAA) em quase seus 20 anos de ação. Fundado em 1990, no vilarejo de Gameleira do Assuruá, município de Gentio do Ouro, o CAA é fruto de acúmulo de lutas que começaram em 1983.

Naquele início dos anos 80, jovens estudantes da Escola Agrotécnica da Região de Irecê (ESAGRI), com o apoio de professores, começaram a idealizar um novo modelo de desenvolvimento para a região. Com o incentivo dos professores Avelar Luiz B. Mutim e Ana Angélica de Jesus, os estudantes despertaram para práticas de agricultura alternativa e começaram a implantá-la na região, no município de Xique-Xique. Entre estes estudantes, Mário Augusto Jacó e Sandoval Avelino Oliveira Junior iniciaram também um trabalho cultural com música e poesia. A partir do acúmulo desse processo, mediante a inclusão de novos personagens, surgiu o Grupo Gamaleira do Assuruá, cujo sonho era criar a Comunidade Alternativa na Serra do Assuruá.

Em 1986, o grupo se desloca para a Gameleira. Junto com o Movimento Internacional de Mulheres (Movimento do Graal), inicia a elaboração do primeiro projeto, chamado “Sertão Esperança”. Passa a ser desenvolvida uma série de ações nas áreas de educação popular, agricultura alternativa, arte e cultura. O grupo se envolve com os movimentos culturais da região, como a Semana de Arte e Cultura e a Semana de Arte de Xique-Xique. Cursos de agricultura alternativa são ministrados ainda para diversas lideranças comunitárias e familiares. Tal esforço consolida, em 1987, este trabalho na região, o que culmina na criação da Comissão Regional de Agricultura Alternativa.

Os frutos do trabalho se intensificam. Em1988, o grupo finalmente consegue a aprovação do projeto “Sertão Esperança”, junto à Cooperação Austríaca. Para isso, obtém dois apoios fundamentais: o de Renato Tomasseli, da entidade, e o de Teresinha Menezes, do Movimento de Organização Comunitária (MOC).

Novos agentes

Só faltava agora a institucionalização do CAA, o que aconteceu em 1990. A partir da parceria firmada com a Paróquia de Gentil do Ouro, uma leva de novos agentes se insere ao movimento, como Frei Luiz Flávio Cappio, Margarida Maria Lúcio Teixeira, irmã Maria Galdina, Irmã Evani Brugali e Lucila. O trabalho até então desenvolvido nas comunidades de Gameleira, Santo Inácio e Capoeiras é ampliado para Pituba, Desterro, Coqueiros, Matos e Lavra Velha.

Ainda neste ano, a defesa do Rio São Francisco se torna um lema do CAA. Em um roteiro de Xique-Xique a Pirapora, uma equipe do CAA viaja por 17 dias levando música, poesia e uma mensagem de preservação do Velho Chico para as comunidades ribeirinhas, tudo isso documentado pela televisão austríaca. Tal viagem impulsionou diversos outros movimentos, inclusive a peregrinação do Frei D. Luis Cáppio pelo Rio em 1992.

De 1993 a 1996, o CAA toma a linha de frente na defesa de professores demitidos em Gentio do Ouro, apoiando o funcionamento de oito escolas que haviam sido fechadas pelo prefeito. Neste período, se destaca a atuação do Circo Pé-de-serra, que promove intenso trabalho junto às crianças, levando alegria e educação contextualizada para o semiárido.

Mais conquistas

O CAA realiza a sua Primeira Avaliação Externa em 1995, para discutir sobre os trabalhos desenvolvidos na região. Agrega novos integrantes à entidade, que amplia o número de projetos. Em 1999, o CAA participa da criação da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). E expande, de 1999 a 2000, suas atividades para Oliveira dos Brejinhos, Ipupiara e Brotas de Macaúbas, na Chapa Diamantina, onde implementa Unidades de Experimentação Participativa nas roças dos agricultores em apicultura, manejo ecológico da caatinga, beneficiamento de frutas e captação de água da chuva para consumo humano. Outro destaque deste período ficou por conta do Programa Água é Vida, realizado em parceria com a diocese de Barra.

Com o objetivo de ampliar sua área de atuação por meio do Programa Cidadania, de estímulo à participação cidadã e ao controle social das políticas públicas, o CAA muda, em 2005, sua sede para a cidade de Irecê. A intervenção do CAA no semiárido cresce a cada dia a partir do fortalecimento de suas parcerias com o poder público e a sociedade civil. Em 2008, a entidade firma mais uma parceria fundamental, com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia, para a construção de cisternas e captação de água da chuva. A meta é garantir água de qualidade para o consumo humano e produção de alimentos na região. E mais que isso: levar plena cidadania e transformação ao semiárido baiano.

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